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Viagem

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terça-feira, 1 de junho de 2010

Desenhar Palavras: Disegno: il segno di Dio in noi.

Faço doutorado na USP em São Paulo na Faculdade de Educação. Minha área é Cultura, Organização e Educação. Sou bolsista da Capes. Minha pesquisa é sobre processos de criação em Teatro, aprofundando uma idéia do que é o Imaginário em um estilo hermenêutico; assim prá resumir, afinal de contas o caso aqui é outro: tornar a minha e a sua viagem proveitosa e a aventura profunda!

Para pedir a Bolsa Sanduíche no exterior não é necessário ser bolsista, mas que seu curso tenha uma nota Capes. Todas as informações você encontra no site http://www.capes.gov.br/

A bolsa sanduíche não tem esse nome porque é pequena e desvantajosa mas porque fica no meio do doutorado.

O processo para pedir a bolsa é longo e trabalhoso, é importante fazer as coisas ao mesmo tempo: investir na pesquisa, leituras e qualificar. Os prazos da Capes para a bolsa sanduíche são de 4 a 12 meses. Eu pedi 4 meses por vários motivos: sou casada, pago aluguel e sou artista, faço arte não para sobreviver mas como necessidade mesmo de ser feliz. Meu marido não quis vir, assim para não perder a oportunidade pedi 4 meses, assim não estouro nem o orçamento, nem o relacionamento (!) e continuo fazendo o que me faz sentir mais eu mesma, seja lá o que isso queira dizer.

A primeira coisa é a língua como já falei aqui. Assim a Itália era meu país de destino. Depois, descobrir a universidade ou o orientador no estrangeiro que irá te acolher. Meu orientador nesse caso foi quem “interferiu”. Indicou um professor italiano de quem tinha tido notícias e recomendações através de encontros com outros professores europeus em congressos.

Foram muitas trocas de cartas até que ele me enviasse a carta que a Capes exige, tudo em italiano, claro. Ao mesmo tempo estudei italiano para a prova do Instituto Italiano de Cultura, escrita e oral que foi bem difícil, preparei a documentação e escrevi o tal do projeto, com o qual tive dificuldades, o que fez meu orientador rir de mim.

Projeto é palavra de origem latina, em italiano progetto, lançar-se para adiante. Escrevi o que desejava sem ter a certeza de que se concretizaria e sem saber como faria para colocar em prática como tantas vezes; escrevemos para editais dos quais as vezes nem temos retorno, tempos talvez findos. Meu projeto previa além da pesquisa na universidade, uma pesquisa sobre o grupo Odin Theatret dirigido pelo italiano Eugenio Barba que tem sua sede na Dinamarca e fazer apresentações como contadora de histórias.

Entreguei minha papelada em 19 de outubro de 2009. Ainda tive que corrigir a carta do orientador. A resposta saiu dia 23 de março de 2010. Corri para renovar meu passaporte que venceria em julho de 2010 e tirar meu visto de entrada na Itália. Atenção para esse item: deixei de viajar duas vezes, renovando a reserva da passagem por conta da polícia federal. Estavam com problemas no site e diziam que era só pela internet, o passaporte não seria renovado e teria que fazer um novo, azul do mercosul, taxa no banco R$ 156,00. Mas depois de muita peleja descobri que emite o passaporte sem ser pela internet sim, se você apresentar a carta da Capes e sua reserva de passagem. Tem que ir lá na Lapa de Baixo. Fui umas 3 vezes e demorou 7 dias prá ficar pronto (http://www.dpf.gov.br/)

Quanto ao visto: paciência, fui cinco vezes ao consulado e dizem que dei sorte. Precisa do passaporte válido com mais de três meses além do período de permanência. A Itália exige um seguro de saúde para dar entrada no Visto. Existe o IB2, um certificado do acordo de migração internacional entre Brasil e alguns países, dentre eles a Itália, em que quem contribui com o INSS pode usar a assistência médica pública. Tive que ir umas 4 vezes lá no Ministério da Saúde. Fica ao lado do ambulatório do Pérola Byngton na Rua Santo Antônio, no segundo andar, a palavra chave é Acordo. Xerox do passaporte, do visto (mas se prá tirar o visto precisa do IB2 ?), das últimas três GPS, SEFIP, CIC, RG, Comprovante de Residência, não tem máquina de xerox mas ali perto no viaduto da Major Quedinho tem um muquifo que faz. http://sna.saude.gov.br/
A Capes não me mandou a passagem como estava no manual, me depositaram o dinheiro prá eu que eu mesma comprasse. Tudo é feito por e-mail, uma pessoa fica responsável por você e tenta responder às suas muitas, digo, muitas mesmo, indagações.

Para receber as mensalidades você precisa, em 15 dias da chegada no país, enviar seu endereço de casa e uma conta no banco daqui.

Mesmo com o visto, é necessário pedir o “permesso di soggiorno” para quem vai ficar mais de 90 dias. Retire o “kit giallo” no correio (http://www.poste.it/) gratuitamente, preencha bem certinho nos quadradinhos (tá bom Alessio!) e mesmo que não tenha ainda todos os dados entregue o que tem, acrescente cópias do visto (ufa!), na verdade do passaporte inteiro (!), do IB2, das cartas da Capes e de seu orientador italiano, (no caso de a carta da universidade ainda não tem chegado) e compre um selo em tabacarias no valor da taxa (12,70 euros) e depois no correio de novo pague as outras taxas: mais 56 euros. Você tem oito dias para fazer seu “permesso di soggiorno” mesmo que tenha visto e se for ficar mais de 90 dias. Vai receber uma carta para comparecer em uma data e hora em um escritório da migração para levar os documentos originais.

Para abrir uma conta em um banco: você precisa de um código fiscal que é como um CPF, endereço de casa e um número de telefone. Foi o mais trabalhoso e difícil. Porque mesmo os italianos não sabem direito onde tira o tal código e nos departamentos da prefeitura e estado o atendimento é ... Bem...Pouco educado prá dizer o mínimo.

Com o passaporte em mãos (nunca se separe dele e da carta da Capes e também dos comprovantes de entrega do seu "permesso di soggiorno") vá até a Via Moscova, 2 no "Uffici delle agenzie delle entrate di Milano". fone: 02/636791, M2 (metrô linha verde - parada Moscova) tem que andar um pouco, M3 (metrô linha amarela - parada Turati) das 9:00 até às 13:00 impreterivelmente às segundas, quartas e sextas-feiras e das 9:00 às 15:30 de terças e sextas-feiras. Sábado é fechado . Lá te pedirão um fotocópia do visto (tem uma máquina self service lá mesmo), preenche um formulário e ecco!!(http://www.finanze.it/) (http://www.agenziaentrate.gov.it/) Não vá à Ugo Bassi, 4 nem por decreto, a não ser que leve um advogado com você. São uns loucos! Te pedirão o "permesso di soggiorno", como assim? Se no formulário do "permesso" pedem o código fiscal e você acabou de chegar? È cosi...Voi che la faccia vedere la legge...Não obrigada, eu só queria uma informação mesmo...E você não vai ter que passar por isso por que agora a informação você, herói, já tem!

Abrir conta no banco só com o código fiscal e não é todo banco que abre conta pra estrangeiros, visitei vários e o melhor atendimento que tive foi na Banca Popolare di Milano( http://www.bpm.it/ ). Para entrangeiros: só na sede Piazza F. Meda, 4 atrás da Galeria Vittorio Emanuelle, atenção ao código Swift. A conta custa 1 euro por mês. A gerente da minha conta: Cinzia Ferrara. Recomendo!

Quando cheguei aqui em Milão fui hóspede da Carol e do Alessio que fazem parte do couchsurfing (www.couchsurfing.org) e são amigos da minha amiga Juliana Bertolini, (que tem um blog ótimo www.julianabertolini.com/blog). Assim, como nas histórias, a ajuda inesperada para o momento difícil sempre aparece. Carol é designer brasileira (fotografa lindamente) e Alessio que é italiano, advogado me ajudaram em tudo com muitas informações e a experiência de quem já ajudou muita gente. Fiquei com eles por uma semana e ainda não sei como farei prá agradecer porque eles foram realmente incríveis!

Mais ou menos em abril eu soube que o Odin, grupo de teatro que também inspira minha pesquisa, estaria em Milão de 04 a 19 de junho com demonstrações de trabalho, espetáculos, oficinas e palestras. http://www.odintheatret.dk/ Uma coincidência? Assim também acontece nas histórias...Eugenio Barba e Julia Varley estiveram no Brasil em um evento organizado pela Escola São Paulo de Teatro e pelas graças de Ivam Cabral estive no jantar e conversei com Julia Varley sobre a pesquisa e... Também assim consegui me inscrever aqui na oficina porque as inscrições tinham terminado enquanto eu ainda estava nos obscuros caminhos que descrevi acima. Ainda bem que  "sandálias aladas calçaram minha caminhada" bem ao estilo hermesiano. Hermes, mensageiro dos deuses, patrono das trocas simbólicas. Antes de vir sonhei  que a Ju me ajudava a escolher uns sapatinhos brancos prá combinar com o vestido que eu tinha escolhido prá viajar:)

 

Eis me aqui! Nem foi tãaao difícil assim vai...Coragem, animem-se, vale a pena!