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Viagem

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domingo, 30 de maio de 2010

A procura da milanesa!


A bela Giuliana me ensinou a fazer "cotollete alla milanese" Segundo ela fica melhor com peru e frango. Em bom italiano a palavra milanesa não existe, seria "alla milanese" ou seja a moda de Milão. Mas em um dialeto da região lombarda  se diz milanesa quando se refere a uma mulher que vem de Milão.
A nonna da Giuliana diz que a carne tem que ficar de molho no ovo por uma noite e não pode colocar sal antes porque se não a farinha de rosca não gruda.
Adoro comidas de diferentes países. Para mim são tão expressivas quanto as palavras. Demonstram e carregam consigo os elementos da terra, do trabalho, do prazer e da história de cada cultura. Também sou curiosa para descobrir como são feitas as comidas e como são combinadas pelas pessoas.
Presunto cru com melão orange daqui é uma delícia. O inacreditável é que comam carne de cavalo, fiquei chocada no supermercado e mais de uma vez deixei alguém perplexo quando insisto em saber carne de que estão me oferecendo, vai que por engano...
Não que Milão seja das mais representativas das cidades italianas em termos de comidas. Aqui é a cidade do trabalho, tudo é feito com pressa. Parece muito com São Paulo nesse sentido. Tem até pessoas que se vestem e se parecem muito com as pessoas do interior de São Paulo, afinal a migração foi tanta.
Eu sou de origem italiana. Por parte de mãe e de pai. Meu bisavô materno nasceu em Polverara, região do Veneto. Aqui, agora, dizem que sou veneta. Por exemplo: Andrea faz teatro desde adolescente...Ah, pudera, é veneta!!
Falar a língua do país é fundamental para que a viagem seja proveitosa e a aventura profunda. O início de tudo para quem quer estudar fora do país é investir de verdade na aprendizagem da língua. Não dá prá se virar muito bem quando se tem que ler contratos, escrever cartas, pedir permissão para estar no país. Alguns italianos são simpáticos mas não conte com isso para tirar seu código fiscal, enviar seu permesso di soggiorno, ir na prefeitura e abrir a conta no banco. Isso sem falar de assistir aulas, ler textos teóricos e dar seminários. Muita gente até faz e se vira mas se arrisca e seu trabalho pode ficar superficial por falta de linguagem.
Milão tem várias universidades famosas: a Bocconi de Economia, a Cattólica, a Estadual e a Bicocca que é nova. Estudantes de várias partes da Itália vem para cá. Assim existe uma vida universitária bem organizada e é possível ter acesso a ela com facilidade para encontrar a casa onde se vai morar. Os murais das faculdades tem as "baquecas". Na casa você vai lavar, passar, cozinhar, estudar, ler, relaxar e deixar seus pertences. Não vale a pena economizar nesse item. E por cerca de 400,00 a 500,00 euros dá prá encontrar lugares ótimos. Infelizmente não dá prá escolher antes de vir. Eu tentei mas as pessoas querem sempre te conhecer. 


Portanto, antes de decidir, planeje o investimento na aprendizagem da língua e em ter uma reserva porque o que a Capes destina para os primeiros dias não é muito e pode não ser suficiente para todas as taxas, a primeira semana, a internet, celular, comer na rua é sempre mais caro do que em casa e o transporte. Milão tem 3 linhas de metrô interligadas a trens, bondes e ônibus. É meio caótico. Tem bicicleta mas tem trânsito e não são muito educados. O bilhete custa 1 euro, não tem cobrador e tem que comprar em tabacarias e bancas de jornal. O bilhete dura 75 minutos. Eles fiscalizam e muito. Estrangeiros principalmente. Eu mesma umas cinco vezes. A multa é pesada. Ah! À noite é impossível achar bilhetes. Tive que voltar de táxi. Não são caríssimos prá quem está acostumado a São Paulo. Mas até os milaneses acham caro.
Eu escolhi vir em um período curto e quente. Dei sorte e depois conto porque.
Mas, afinal, mesmo em Milão, no domingo se descansa. E tem muitos parques, museus e cidadezinhas próximas que são gostosas e mais baratas.

Parque Sempione.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

À Milanesa! Aventuras de uma doutoranda sanduíche em Milão!

À Milanesa: não quer dizer empanado não...Aqui em Milão a vida é milanesa, quem nasce em Milão se é homem é milanese e se é mulher é milanesa. Ainda não descobri como foi que isso virou bife empanado no Brasil mas estou investigando...
Esse é um blog de viagem. Estarei aqui com Bolsa Sanduíche pela Capes até agosto. Estudo com um grupo de pesquisadores a Pedagogia do Imaginário na Università degli Studi di Milano Bicocca.
As aventuras e os caminhos, tantas vezes, obscuros dessa jornada vou postar aqui.
Quem sabe, a alguma outra alma desarvorada e inquieta, possa ajudar!
Muitas vezes me sinto dentro da paisagem de histórias que ouvi tantas vezes em que pessoas desconhecidas ajudam quando se mais precisa, a gente procura mas não vê e milagrosamente se "vira o olho" (como diria Regina Machado) enxerga, e então parece que tudo que se procurava está lá embaixo da figueira que fica no meu próprio quintal!
A cidade é monumental, são tantos monumentos que me sinto às vezes como aquela moça do filme que queria ver a torre Eiffel em Paris e sempre que passava por ela não conseguia ver. No meu caso, muitas vezes não sei o que são e não há placas muito indicativas.
Não estou falando do Duomo e do Castelo Sforzesco...A cidade tem monumentos de antes de 1500! Na época medieval era toda murada e com portas de acesso que ainda hoje se pode conhecer e que vão dar nas principais estradas que vão para outras grandes cidades italianas como Veneza e Roma.
Os milaneses falam muito com as mãos porque desde sempre tiveram que se comunicar com povos de diferentes línguas e culturas.
É uma pena que agora, com a crise em que vivem e o presidente que têm, não sejam capazes de perceber essa riqueza do encontro com estrangeiros que vêm para Milão seja para trabalhar, passear, estudar, seja em busca de uma vida melhor.